O US tem ganhado progressivamente um maior destaque na Unidade de Terapia Intensiva. Sendo utilizado tanto para diagnosticar patologias, quanto para a monitorização do paciente gravemente enfermo (tanto ventilatória, quanto hemodinâmica). Podendo ser até considerado como uma extensãp do exame físico na UTI.
A sinusite maxilar é uma das causas de febre em pacientes gravemente enfermos, além de ser um importante sítio primário de outras complicações mais graves, como a pneumonia e a meningite. A avaliação de seios maxilares patológicos por meio do US, por médico intensivista, apresenta sensibilidade de 86%2 e uma especificidade de 100%2. Em casos de hipertensão intracraniana, o rastreamento através da mensuração do diâmetro da bainha do nervo óptico, apresenta sensibildade de 90% e especificidade de 85% (área sob curva ROC de 0,94)3. Tendo uma sensibilidade de diagnóstico para pneumonia variando de 94 a 100%; com uma especificidade variando em torno de 88 a 100%, conforme a apresentação ultrassonográfica encontrada. 4
Nesse caso, demonstramos essa realidade, através do breve relato do caso do paciente E.O.; que foi internado na UTI do HU-UFPB devido a quadro de sepse grave, com provável foco pulmonar e com meningite. O paciente apresentava-se com rebaixamento de nível de consciência, com escore 06 na escala de coma de Glasgow, motivo pelo qual foi realizada intubação orotraqueal e iniciada ventilação mecânica invasiva com pressão positiva.
Em avaliação admissional por US pulmonar constatou-se pulmão normal (padrão pulmonar A em todas as zonas estudadas bilateralmente); o que em conjunto com uma veia cava de 0,51 cm com colapsabilidade completa durante o ciclo ventilatório, foram tidos como preditores de fluidorresponsividade. Motivo pelo qual o paciente foi conduzido com terapia de reposição volêmica com cristalóide. Além, de conduzir ao raciocínio que o pulmão provavelmente não seria o foco infeccioso em questão.
Ao ser realizada a mensuração do diâmetro da bainha do nervo óptico, ao US transocular, obteve-se uma medida de 0,65 cm. O que corresponde com elevada acurácia a uma pressão intracraniana maior ou igual a 20 mmHg.
O seio maxilar esquerdo, ao US, encontrava-se com opacidade.
Com tais dados, concluiu-se que o paciente encontrava-se com sinusite e hipertensão intracraniana. Sendo a primeira o provável foco infeccioso inicial. Além de constatar a fluidorresponsividade do paciente. Essa avaliação inicial foi inferior a 05 minutos. A terapia de reposição volêmica foi, também, guiada pelo US. Através da análise do US Pulmonar (verificação de aparecimento de Linhas B) e pelo diâmetro e variabilidade da veia cava inferior.
Portanto, como demonstrado nesse caso, o US é uma ferramenta com inúmeras utilidades para a rotina do intensivista. Podendo fornecer informações extremamente úteis para guiar o diagnóstico e a conduta nos pacientes internados na UTI.
1. Rouby JJ, Laurent P, Gosnach M, Cambau E, Lamas G, Zouaoui A, Leguillou , JL, Bodin L, Khac TD, Marsault C, Poète P, Nicolas MH, Jarlier V, Viars P (1994) . Risk factors and clinical relevance of nosocomial maxillary sinusitis in the critically ill. Am J Respir Crit Care Med 150:776–783
2. Lichtenstein D, Biderman P, Mezière G, Gepner A (1998) The sinusogram: real-time ultrasound sign of maxillary sinusitis. Intensive Care Med 24:1057–1061
3. Dubourg J., Javouhey E., Geeraerts T., Messerer M., Kassai B.. Ultrasonography of optic nerve sheath diameter for detection of raised intracranial pressure: a systematic review and meta-analysis. Intesive Care med (2011) 37:1059–1068
4. Lichtenstein D A and Meziere G A, Relevance of lung in the diagnosis of acute respiratory failure: The BLUE Protocol. Chest, 2008. 134(1): p. 117-25
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